Nos últimos anos, Campo Grande tem se tornado um dos principais destinos para imigrantes venezuelanos em Mato Grosso do Sul. Dados da Secretaria Nacional de Justiça (Senajus) apontam que de 2015 a 2024, mais de 10 mil venezuelanos solicitaram registro migratório no estado. Esse fluxo migratório impacta diretamente o mercado de trabalho local, trazendo oportunidades e desafios para os recém-chegados.
Segundo a Fundação Social do Trabalho (Funsat), em 2025, 86 dos 119 estrangeiros que buscaram a intermediação da Agência de Empregos eram venezuelanos, representando 72% do total. No entanto, os últimos dados indicam que nenhum venezuelano foi encaminhado para contratação neste ano, diferente do que ocorre com imigrantes de outras nacionalidades.
Em 2024, a Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab) registrou 1.946 venezuelanos inscritos, mas apenas 530 conseguiram emprego, o que representa uma taxa de colocação de 27%. Ainda assim, a inserção de imigrantes no mercado de trabalho tem crescido ao longo dos anos.
O saldo de admissões de venezuelanos em Mato Grosso do Sul, que era negativo em 2017 (-1), passou a ser positivo a partir de 2018 e chegou a 1.395 em 2024, de acordo com a Senajus. Ano passado houve 5.691 contrações de venezuelanos e 4.296 demissões.
A presidente da Associação Venezuelana de Campo Grande, Mirtha Carpio, que mora na Capital desde 2008, ressalta a importância da capacitação para a empregabilidade dos imigrantes. “Temos uma articulação direta com empresas para facilitar a inserção no mercado. Muitas vagas estão no setor de frigoríficos, onde os venezuelanos têm se destacado”, afirma.
Segundo Mirtha, muitas empresas locais dependem da mão de obra venezuelana e haitiana. “Se os venezuelanos fossem embora hoje, muitas empresas ficariam sem trabalhadores”, destaca.
Desde 2020, a Associação Venezuelana de Campo Grande tem sido um ponto de apoio para os imigrantes que chegam à cidade. O grupo auxilia na regularização documental, intermediação com empresas e distribuição de doações. “Nosso objetivo é orientar e apoiar os imigrantes, garantindo que tenham acesso a documentos e oportunidades de trabalho”, explica Mirtha.
O Centro de Atenção ao Migrante (CAM), ligado ao Ministério do Trabalho, também oferece suporte, ajudando na obtenção de CPF, carteira de trabalho e cursos profissionalizantes.